25/12/2018

E aí eu te vi

Ana Carolina Carvalho

Meu coração acelerou. Disparou. Fiquei sem ar, sem cor, sem chão. Você ali na minha frente com a covinha do sorriso aparecendo, os dentes mais claros e o cabelo espetado do jeito que eu gosto. Fiquei olhando, balancei a cabeça para saber se não estava sonhando acordada, mas não. Era você ali, a alguns passos de mim. Não tive coragem de ir lá. Sei lá se você estava com alguém, com alguém que conheceu antes de mim ou depois, se estava com amigos, se já tinha filhos...
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E aí eu te vi. E não duvidei e nem sequer cogitei a hipótese de não ir falar com você. Eu sorri como um sinal, mas você não reparou ou fingiu não ver. Fui até você, olhando nos seus olhos que corriam desesperados para evitar os meus. Peguei pelo braço, tirei pra dançar. Senti seu corpo, seu perfume inebriando meus sentidos. Não. Não estava com ninguém nem de antes e nem de depois de ter conhecido você. Estava com meus amigos, mas avulso, sozinho. Estava naquele momento presente com você. Presente. Sentindo cada passo acompanhando o ritmo, cada aperto que colava seu corpo ainda mais no meu. Cada suspirar...
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Ele me viu. Tentei fugir, não deu. Ele veio até mim, me tirou pra dançar, me tirou do chão, me fez suspirar. .
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E aí viramos nós como já o fomos um dia. E aí estamos nós como nunca antes. Depois de um tempo sós, acompanhados de outros eus, nos reencontramos para começar de novo.
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E aí eu te vi e prometi a mim mesmo que te veria todos os dias para não mais te perder.
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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por