Mais um ano, mas dessa vez sem peso, lenços ou olhos inchados de quem carrega algo não resolvido. Minha menina está lá, mais velha, amadurecendo, virando a mulher que eu sempre esperei que ela seria. E como cresceu. Está enorme em um salto que a deixa ainda maior. Com o sorriso branco e fácil, com a sedução nata de quem envolve sem querer.
Ah, minha menina... Que neste ano que se aproxima você seja tudo o que quiser ser. Que você viva todas as suas versões. Que você continue com essa leveza de quem usa vestido comportado e consegue ainda assim provocar com um simples batom vermelho e desafiar com um olhar.
O ano é seu e eu também.

O caderno de ex amores

Final de ano. Hora de planejar o futuro, dar aquela olhadinha no passado e dizer adeus, mas dessa vez de verdade. Nada de lembranças ou mimimi. Pegou as agendas, as que ela anotava tudo desde o primeiro beijo, desejos, amassos, apertos de mão aos perfumes que inebriavam ou o tipo de beijo de cada um deles. Ah, as agendas... as lembranças ... Estava tudo lá e de repente ficou pesado, ficou gelado, virou passado. Um muito obrigada foi dito e depois cinzas viraram.
Acabou. Virou fuligem. O coração ficou em paz. Ela fez tudo o que podia para não perder um sequer, mas eles a perderam e relacionamentos são feitos de reciprocidade. Quem sabe em uma fila de pão, em um descuido, surja um novo alguém capaz de arrancar suspiros