13/08/2017

Nós somos reflexos de nossas escolhas

Ana Carolina Carvalho


Aprendo com o silêncio dele. 
Na verdade, a princípio, aprendo irritada e contrariada, depois vou me acostumando a observá-lo e entender o valor que o silêncio traz.
Enquanto ele observa o cenário ao redor eu o observo e imagino o que ele pode estar pensando; depois desisto. Deito ao lado dele e fico olhando o céu e refletindo como as pessoas são diferentes e como essa diferença agrega.
Por meio dele vivi experiências novas, algumas com um certo estranhamento e outras tantas que não quis sequer experimentar, não fazem parte do eu que eu escolhi ser. E imediatamente me vem isso a mente: nós somos reflexos de nossas escolhas e inevitavelmente abriremos mão de algo em um determinado momento de nossas vidas.

Ele me faz lembrar que eu abri mão de uma parte de mim que eu amava muito, mas que sofria muito também e sempre que ele "toca" no assunto algo em mim treme, como um bicho preso, faminto, enlouquecido para desbravar o mundo. 
Engulo a seco. 
Aprendo a ser silêncio. 
Muitas vezes não deve existir diálogo entre a pessoa e seus monstros. Não antes de estar ciente de que poderão ser amigos sem um dominar o outro.
No silêncio ele me ensina a ser mais eu.

08/08/2017

Não nos ensinam a perder

Ana Carolina Carvalho


O título pode parecer estranho, afinal quem quer aprender a perder? Somos ensinados para ganhar tudo e sempre. A conquistar amor, dinheiro, êxito em todos os sentidos. Não nos ensinam que vamos cair, que muitas coisas não vamos ter, não importa o quanto nos esforcemos e que sim, inevitavelmente vamos perder quem amamos.

Vamos perder de várias formas: por meio de uma mudança de estado, um sumiço, doenças como alzheimer, demência, e algum dia perder para a morte.

Irônico, mas o ditado popular diz que a única certeza da vida é a morte e no entanto não nos preparamos para ela. Não é viver em pânico sabendo que a qualquer hora vai morrer, mas sim viver valorizando cada minuto concedido. Amar a cada pessoa que faz parte da sua vida e não desperdiçar tempo com bobagens.

Não é ter medo de ousar e sair de casa, viajar e se tornar dono da própria vida. É se despedir com afeto, não dormir brigado e fazer o melhor que puder.

É lutar todos os dias para deixar um legado positivo para que quando o dia da despedida final chegar se tenha consciência de que foi feito um bom trabalho, não porque recebeu muitos elogios, mas porque dormiu tranquilo por ter escolhido a melhor parte.

Quem já perdeu alguém que ama depois de brava luta contra doenças graves sabe o quanto é ruim se despedir aos poucos, mas sabe também como é bom, mesmo querendo que a pessoa se recupere e crendo no milagre, poder dizer que ama e se despedir diariamente.

Às vezes a perda é um ganho, principalmente para a pessoa que está sofrendo, mas quem continua a caminhar, muitas vezes não entende. Não entende o motivo pelo qual a pessoa está sofrendo tanto.
Quer certezas; se a pessoa vai ficar boa ou não, se há esperança, se vai morrer e escuta que a medicina não é ciência exata e aí lembra de Deus e dos milagres e se apega a isso. Se esquecendo que para os cristãos a morte terrena é a certeza do céu e por isso não deve ser triste. Afinal, quem não quer contemplar a face de Cristo e abraçar Nossa Senhora?

É preciso aprender a perder, a lidar com as perdas. É preciso encarar a despedida com um até logo que será curto ou longo, mas que vai cessar.

É preciso aprender a lidar com a dor da saudade para depois ter a saudade amorosa do conforto.

É preciso ter fé e acreditar que Deus tudo sabe. Dessa forma é mais fácil continuar a caminhada perdendo, mas sempre ganhando.

 Não nos ensinam a perder, porque perder é também uma forma de ganhar.

03/08/2017

Perdão

Ana Carolina Carvalho

Esta é uma carta aberta.
Perdão 

a todas as pessoas que eu magoei, que eu falei mal, critiquei. 
                              Que eu zombei, iludi, prejudiquei.
                              Que eu disse amar e não amei. 
a todas que eu usei.

Perdão 

pelas vezes que não guardei o segredo, que não fui um bom amigo. 
                   Que fui traiçoeiro, mexeriqueiro, falso. 
Por todas as vezes que fiz maldades, sem querer e querendo.


Perdão

por ter feito promessas que sabia que não iria cumprir.
por ter usado minha inteligência para ser arrogante, a beleza para ser prepotente e a luxúria para ludibriar.

Perdão

por não ter dominado a parte humana e por não só tê-la tornado mais nociva, como também por ter deixado corromper, por ter apelado, por ter endurecido o coração.
Perdão por não ter sido o amor que deveria ter sido, por ter ouvido o mundo e por ter tido medo de ser rotulado de bobo, "abestado" e ter desejado mudar a minha essência.

                                                                                  ...

Ouvi muito, quando pequeno, que persistir no erro é burrice, então deixarei o passado no lugar dele e seguirei; Desta vez me esforçando para não mais repetir os mesmos erros.

01/08/2017

"Não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas."

Ana Carolina Carvalho


Não sei mensurar a dor que eu sinto, às vezes é uma dor vazia, alheia ao mundo; ao externo, ao que vem de fora.

Esse poderia ser um texto típico de um diário, um texto dissertativo para desabafar com as folhas, entre lágrimas, como dói perder alguém. Como dói se decepcionar e como dói conviver, muitas vezes, com pessoas tão diferentes e, por vezes, ruins e perversas.


Já aprendi muito nessa vida com meus erros; já fui bem feliz com meus acertos, sempre vivendo com intensidade. Por isso,
Vou propor uma reflexão:

Sempre achei as campanhas de comunicação do Canal Futura as melhores, mas uma delas eu nunca esqueci, é especial para mim. Ela diz: 

Não são as respostas que movem o mundo, e sim as perguntas.


Sendo assim que tal perguntar:

1- Por que os seres humanos são tão egoístas, mentem, dissimulam, puxam tapete?
2- Por que somos ensinados a revidar e a ser "doido e meio" criando mais ódio e rancor?
3- Por que as pessoas boas são consideradas abestadas (em bom 'cearensês') e são usadas?
4- Por que quando alguém tem um perfil mais passivo e resolve se impor é tachado de arrogante, "bipolar", sem equilíbrio?

A lista de perguntas é imensa. Com certeza você que está lendo já passou por situação parecida. Situações de opressão, indiferença... no trabalho, na família, na sociedade, nas relações interpessoais de forma geral e sabe o quanto isso é desagradável.

Se você for cristão poderá até mesmo se questionar sobre fé e os propósitos de Deus, se você não for irá questionar o que acredita e se você for ateu irá questionar mais ainda as pessoas, pois elas serão os únicos "motivos" aos quais se agarrar.

Será que as perguntas estão sendo feitas de forma correta? E as respostas de acordo com as perguntas?

Será que existem distorções? Má vontade ? Desleixo ou apenas limitações?

Estou movendo o mundo buscando uma forma de colorir mesmo sem cor. E isso já é indício de um novo começo.



© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por