27/09/2017

Ao mentir para o outro o primeiro enganado é você

Ana Carolina Carvalho


Bonito! Que Bonito!

Poderia parafrasear um dos casos de traição mais popular do País transformado em música, mas o texto não é sobre traição de relacionamentos afetivos/casais é sobre "traição" em qualquer relacionamento afetivo.

Que ingenuidade pensar que se engana o outro e que tristeza saber que antes engana a si mesmo. Trair é ser desleal e o que é a mentira senão uma deslealdade? A mentira é uma doença grave. Começa para encobrir algo simples, uma desculpa por medo da consequência da verdade. Quando percebe já se está criando histórias confusas que nem sabe mais o começo ou o final.

Quando se mendiga amor se é muito enganado, por vezes a pessoa que está na posição do bajulado, não tem interesse, mas não quer perder ou não quer "machucar" e inventa lá a mentira do sem tempo, do vamos nos ver...

Muitas vezes não há tempo e não é por falta de interesse são as urgências da rotina que sufocam, mas em alguns casos não há interesse, nem prioridade, nem vontade, nem nada!

Para que mentir sobre qualquer coisa que seja? 
Óbvio que em algumas situações é meio complicado falar a verdade.

Vamos pensar juntos: - estou gorda?

O que você responderia? 

Se for amiga(o) de verdade certamente vai dizer, com jeitinho, que a pessoa está um pouco acima do peso de antes... 

                                                                 e esse é o ponto:
                                                       NÃO É PRECISO MENTIR!

Calar é sinal de sabedoria. Mentir é sinal de desrespeito!

Não vale a pena mentir para agradar alguém e se violentar. 
Não vale a pena mentir porque a vida não é para ser de mentira.
Ela é a sua história e certamente uma fraude é pouco diante do que a realidade verdadeira e bem vivida pode oferecer.

19/09/2017

Idade é uma questão de alma

Ana Carolina Carvalho

Sempre tive medo dos 30 porque me venderam a ideia de que eu tinha que estar com tudo resolvido nessa idade, como já falei neste texto , mas é mentira. A idade está na alma; e ter amigos mais velhos me ajudou a ver isso.

Eu achava que pessoas com 40 anos eram "velhos em fundo de rede" termo pejorativo, mas foi assim que o mundo me criou (um engano terrível!). As pessoas mais velhas carregam consigo algo que me encanta e fascina: experiência e maturidade. Sim!! Existem exceções, pessoa novas muito maduras e pessoas mais velhas imaturas, mas é o passar dos anos que traz o acúmulo de experiências. 

Um parêntese - Meu vô tem 89 anos e está lutando há 80 dias em um hospital pela vida. Você tem noção do que é isso? Ele já caminhava lento, sentia dores, mas a alegria da alma dele sempre foi contagiante. - 

Não importa a idade cravada pelo ano que nascemos.
1988 - 29 anos ;
1949 - 68 anos;
O tão temido ano 2000, virada de milênio - já trouxe ao mundo filhos que possuem 17 anos. 

O tempo é aliado e não inimigo. 
É só saber como levar.
 
Qual a idade da sua alma? 
A minha tem 14 anos e quer comemorar os 15 na Disney, mas quando necessário sabe se impor com as experiências e bagagens acumuladas ao longo dos 29 anos.
 
Ter vergonha da idade é ter vergonha da sua própria história e das bagagens que carrega. As experiências ruins, que decepcionaram o ajudaram a ser quem você é. Se é ruim ser assim, mude! Tenha orgulho de quem você foi, é e ainda pode ser. A idade vem lembrar que o tempo passa e isso é bom. 
É sempre uma nova oportunidade.

05/09/2017

A receita surpresa

Ana Carolina Carvalho

Era uma mulher, 30 anos. A idade da mudança, da virada, o marco, a idade balzaquiana. Ela já havia lido o romance “A Mulher de Trinta Anos”, de Balzac, e mesmo ele tendo sido escrito no século XVIII para ela o livro era muito atual.

Solteira, fora dos padrões, atolada em livros e papeis em casa e no trabalho; recepcionista de livraria e também a responsável por organizar o estoque.

Da poesia à informática; conhecia de tudo um pouco nas horas de folga.
De muitos amigos; todos os clientes gostavam dela, era a mais sábia conselheira e leitora de orelhas de livros.

Um dia uma pisada diferente chamou-a atenção. Desengonçado, cadarços desamarrados, ele bateu na campainha do balcão.

- Moça, me ajuda, por favor. Só tenho essa quantia de dinheiro e preciso de um livro que soe inteligente para dar de presente ao meu avô.

A rima nas palavras dele a fez rir, discretamente, para não assustar o tão amável novo cliente.

Ela respondeu de bom grado:

- É claro que eu ajudo, mas antes amarre seu cadarço.

Ele também riu da rima e abaixou-se apressado. Andaram entre as muitas estantes, e conversaram sobre os livros e a vida. Pareciam se conhecer a muito tempo, durante toda a existência.

Pararam na sessão de culinária e acharam que seria um bom presente.

- Fazer comida requer muito amor, quer inteligência maior do que saber amar? , disse ela com o rosto ruborizado.

Ele atento aos sinais concordou de imediato e disse:

- Estou me sentindo mais  inteligente do que a 40 minutos atrás.

Eles riram juntos.

O livro de receitas foi embalado para presente. A livraria fechou mais cedo. O amor foi o prato principal daquela noite e de todas as outras em que permaneceram juntos.



© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por