28/02/2014

Tic-tac, tic-tac ... o coração parecia uma bomba relógio

Ana Carolina Carvalho

Os segundos se arrastavam; o dia parecia ter 72 horas e quanto mais demorava mais ansiosa ela ficava, afinal é um primeiro encontro e todo primeiro encontro dá a sensação de borboletas no estômago.

Imaginava como seria, se ele iria buscá-la, se eles se encontrariam no local, se ele pagaria a conta e um bilhão de outros "se" que traziam uma angustia e um riso tímido no canto da boca, o tipo de sorriso nervoso.

Às cinco da tarde ele ligou, ela atendeu com um "diz" e ele respondeu "oi, tudo bom?", ela deslizou na cadeira e quase senta no chão. Pensava: " - Minha nossa como é que eu digo: '- diz'. O que é que ele vai pensar?" 😳

Provavelmente nada!

Continuou a conversa normalmente e a naturalidade dele a incomodava; ela estava quase sem ar, com as mãos geladas, totalmente fora de controle e ele demonstrando uma segurança inabalável.

Quando o relógio marcava 20:00 ela já estava pronta com um belo vestido azul de renda, um pouco acima dos joelhos, provocante, mas não vulgar, maquiada na medida certa e com um leve cheiro adocicado.

Pontualmente às 20:30 ele estava lá, na porta, ligou e disse: "vamos". Ela abriu o portão e deu de cara com ele escorado no carro pronto para abraçá-la e abrir a porta.

Quando ela entrou nem sabia o que dizer e para surpresa dela, nem ele.

Ingressos do cinema comprados, ele já havia providenciado isso, e ela não precisou nem sequer pensar em pagar nada; ele simplesmente cuidou de tudo, inclusive dela.

Mãos dadas, sala escura, filme de romance e na primeira cena... bom... qual era o filme mesmo?

Ninguém se importou muito com ele ;)

Uma introdução bonitinha para dizer que:


Os primeiros encontros sempre são esperados. Quando se paquera (sim pode estar ultrapassado, mas eu gosto muito desse termo) durante algum tempo por redes sociais, mensagens, ligações, se cria uma vontade louca de encontrar, mas ao mesmo tempo dá um medinho de decepcionar, de derramar um suco na roupa ou de que um alface fique preso no dente.

A fase da descoberta e do conquistar o outro é especial e única em qualquer relacionamento, porque você mostra o melhor que tem na esperança de quando a pessoa conhecer o seu pior, ela faça o equilíbrio e o aceite como ser humano.

A base do relacionamento é a convivência, as afinidades, o 'abrir mão' dos dois lados, mas o primeiro encontro é o marco, é a certeza de que naquele momento tudo foi cor de rosa, mesmo que talvez o solado do sapato dele tenha caído, o carro tenha ficado no prego ou você tenha prendido o dedo na porta.

11/02/2014

Mais um dia sem falar com ele

Ana Carolina Carvalho

Atire a primeira pedra quem nunca disse dezenas de vezes :

"É a última vez que eu falo com ele. Juro!" 

e tornou a falar mais algumas dezenas de vezes, mesmo sabendo que não é você quem ele quer.

Ele foi embora, disse adeus, não quis mais e você deve esquecê-lo, sabe disso, mas você não quer.

Ao invés de esquecer o cultua, se apega aos detalhes mais felizes e românticos que tiveram. A primeira dança, o primeiro beijo, a surpresa do fim de semana - aquele em que ele apareceu com um buquê de rosas e disse: "você é muito especial para mim.".

Se apega as fotografias e vê como aquele sorriso dele é enigmático e traz uma pitadinha de safadeza - como um tempero que vicia e torna o uso obrigatório, toda semana, para a vida ter mais sabor...

Você gosta de lembrar quem era quando estava com ele e acha tão sem graça a sua presença sozinha, tão solta, sem referência, sem as mãos dele segurando sua cintura ou entrelaçadas com as suas.

Então você olha o celular vê a foto dele no perfil do aplicativo de mensagens instantâneas e pensa:

" - Ah, posso dizer que ele esqueceu o livro comigo e que eu posso ir deixar, posso dizer "oi" e vê se ele responde... "

Desiste; fecha o aplicativo, porque sabe que ele não vai responder.

E então você promete (muda a palavra para ver se dar certo, já que quebrou o juramento), promete decididamente a não falar mais com ele, a esperar ele falar e fica esperando e entoando o mantra "mais um dia sem falar com ele" e assim, dia após dia, você vai vivendo.

O que era o "insubstituível" vai ganhando a importância do seu bichinho de pelúcia favorito: Você lembra com carinho, mas não tem mais a menor ideia de onde esteja e nem faz mais questão de procurar.

06/02/2014

Deixe o seu recado após o sinal. Piiiiiii

Ana Carolina Carvalho

Emudeceu. Ficou quieto. Sumiu como num passe de mágica quem sabe bruxaria. E foi embora do mesmo jeitinho que apareceu, do nada.

É incrível a facilidade que algumas pessoas tem de desapegar, de partir pra outra, de não deixar pistas... Elas só não entendem que mesmo sem pistas deixam marcas, cheiros, lembranças, sabores!

Como praticar o desapego?
 Como colocar em prática todos os conselhos que se ouve?.
 Quem descobrir primeiro avisa, hein?!

Simplesmente não se coloca. No fundo sempre se faz o que se tem vontade. Percorre-se o caminho de volta, colocando o pé exatamente igual, na mesma pegada, mas ele não encaixa mais. Fica torto, excede, não combina.

A voz ao telefone já não é a mesma, tem emoção equivalente a de um moribundo. O abraço é frouxo - vazio de significado, simples protocolo. O beijo... Xiiii, esse nem existe mais.

A presença vira ausência, sem explicação alguma. E aí, quem necessita de explicação fica no vazio, senta no cantinho e deseja por segundos, minutos, horas, dias e dias sem fim que o mudo torne a falar e explique o porquê "cargas d'água" tudo mudou. Por que os pés não encaixam nas pegadas de volta?

É como se a borracha tivesse feito um mau trabalho e tivesse borrado em vez de apagar. O sofrimento chega e fica. Não se há resposta, simplesmente não existe explicação.
Algumas coisas são e ponto. Deixaram de ser e estão porque precisam ser assim.

Ficou pálida. Sem vontade. Guardou os cacos e colou um a um. O coração adquiriu cicatrizes, umas superficiais, outras profundas, mas, mesmo assim, está inteiro esperando o tempo de recomeçar.

04/02/2014

Amor de potinho (S2)

Ana Carolina Carvalho


Desde que me entendo por gente utilizo a expressão "amor de potinho".
Não sei quem criou, mas gostaria que tivesse sido eu.

 Já quis que muitas pessoas fossem meu amor de potinho.

O que é um amor de potinho?
                                                             
É aquele tipo de amor que você não domina e, por isso mesmo, precisa guardar e fechar a tampa, dar um laço, colocar um livro em cima...

O objetivo

Apertar, morder, judiar; amar, amar, amar, quantas vezes quiser, sem medo, já que ele vai estar ao alcance das mãos.
                          
 Um pouco egoísta. E quem não é ?!

No fundo sempre se quer um amor de potinho, uma segurança, uma presença, um abraço que afague, que pare o turbilhão de emoções alheias ...

Tipo
Os amores de potinho geralmente são metidos a Don Juan, conquistadores natos. Sabem seduzir, envolver, despertar desejos inconfessáveis, mas só se permitem ir até certo ponto, não se aprofundam e partem para outra conquista, afinal as mulheres precisam conhecer tal maravilha , eles não podem se restringir a uma, pensam no bem do sexo oposto.
Abuso de tamanha generosidade !!

Em resumo

O amor de potinho é aquela vontade louca de que tivesse dado certo, de que se dependesse só de um poderia ter dado, mas relacionamento sozinho não é saudável e ter um amor de potinho também não, apesar de não faltar vontade.


03/02/2014

Podia ser cor de rosa ...

Ana Carolina Carvalho

Todo mundo já deve ter ouvido falar algo como: "as nuvens não são algodão" , " felizes para sempre só existe em conto de fadas e conto de fadas não existe" ou "o mundo não é cor de rosa" ---------> mas deveria ser!

Assim como as nuvens deveriam ser de algodão e o felizes para sempre deveria existir na vida real ou deve...

(Acredito que) Todo mundo já teve o coração machucado ou magoado por um amor não correspondido, uma paixão sufocante, uma possessividade e insegurança insanas.

É, eu sei bem o que é isso. 

Convido vocês a partilharem experiências; a embarcarem comigo em um mundo que pode não ser, em sua totalidade, cor de rosa (ou sua cor preferida), mas que pode ter tons de rosa (ou sua cor preferida), de muitos deles.
Aqui ser romântico não é brega, ser sensível não é fraqueza e ser franco não é não saber "jogar".

Nesse espaço não existem regras, vencedor ou perdedor; existe sentimento e com ele não existe previsão ou segurança. 

Gosto muito de uma frase que diz assim: "Ninguém perde ao dar amor, perde é que não sabe receber".
Sejam bem vindos.
Bem que podia ser cor de rosa, né?!
;)



© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por