18/04/2017

A dona do nariz

Ana Carolina Carvalho

Conheci uma mulher com alma de menina, decidida, determinada, teimosa. Ela sempre brigou com o destino porque nunca aceitou que ele determinasse as coisas da forma que ele queria. Por isso ela brigava e o destino cedia. 
Quem decidia a vida dela era ela, sempre foi e ponto final.


A primeira neta, filha, a primeira a abrir caminho para uma série de coisas: faculdade, festas, namoros, viagens. 
Até que um certo dia o destino pregou uma peça nela e, ela achando que estava determinando tudo, foi enganada por ele. Seguiu na trilha por muito tempo até o dia que descobriu e disse: BASTA! E se bastou.
Fez a mudança de corpo e alma, se despiu, começou a se conhecer e reconhecer a si mesma como dona do nariz.  

Abriu a janela, deixou o vento entrar.
Afastou os móveis, tirou a poeira, foi dançar.
Não temeu o destino e nem a si mesma, 
decidiu ousar.
Aprendeu que a vida é um eco e começou a vibrar
boas ações e atitudes.


Quem é ela? Alguém que me inspira. Que me ensina que ser de verdade é assumir as imperfeições, tentar minimizá-las e fazer das qualidades o carro chefe da vida. Porque a solução não é olhar o pontinho no meio do papel é olhar a imensidão do papel com um pontinho no meio.

16/04/2017

Porque é tão difícil partir para a ação ?

Ana Carolina Carvalho


Partir para a ação é deixar de ficar a imaginar e pôr em prática, isso implica em escolhas e escolhas muitas vezes fazem sofrer.

Quando a vontade de fazer tudo ao mesmo tempo é latente partir para a ação torna-se mais complicado, pois é abrir mão, aceitar que a vida, muitas vezes, não é um conto de fadas com o final feliz, que a felicidade se constrói e entender isso é difícil mesmo. 

Partir para a ação significa crescer e nessa hora geralmente o alerta acende e diz: "- Puxa o freio de mão! Se você soltar pode não achar a velocidade ideal, bater e fracassar."

Geralmente se atende o alerta prontamente, pois sair da zona de conforto é arriscar e a palavra risco tem traz um pouco da palavra medo. 

Parece incoerente, mas geralmente é difícil partir para ação porque ela oferece mais gratificações do que prazeres e mudar a visão de que os prazeres são menos importantes a longo prazo dói e quase ninguém gosta de enfrentar a dor. 

12/04/2017
Ana Carolina Carvalho

Estávamos conversando no aplicativo de mensagens sobre assuntos da vida. Ele me falava sobre a carreira e eu estava completamente encantada com o amadurecimento dele ao longo desses anos. Aí do nada eu soltei "eu amo você".
Passou despercebido, como sem importância.

O relacionamento acabou, não por falta de amor, mas por confusão de sentimentos. De fora pra dentro e não só de nós dois.

Continuamos o amor de forma simples, mas completa. Amor sem ciúmes, sem medos. Amor descoberto que é descoberta.

E nada mais tenho a declarar.

10/04/2017
Ana Carolina Carvalho

Me responde se você não sente saudade? Se eu não mexo mais nem um pouquinho com você ? 
Diz pra mim que essa resistência é excesso de zelo e não falta de querer. 
Diz pra mim que o que foi não é mais, mas que o pode ser é melhor. Sem comparar com o refrigerante porque acho ele "uó". 
Diz pra mim que não vai perder a paciência, pelo menos por enquanto, que ainda vai ter pão de queijo, pizza e vinho.
Que haverá riso e pressa, doce e surpresa. 
Que vai ser eterno enquanto durar, mesmo que dure para sempre só na amizade. 
Diz pra mim que você acredita na resignificação dos sentimentos e não no esquecimento deles. 
Diz que o teu silêncio não é falta de vontade de responder é apenas uma forma de dizer que não sabe como falar. 
Diz pra mim tudo que eu sempre quis ouvir ou também pode não querer dizer nada, mas mesmo você não dizendo eu ainda conseguirei sentir.



© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por