20/04/2020

Disque 188

Ana Carolina Carvalho

A crise de ansiedade fez o coração palpitar forte, o ar faltar e vir aquela sensação de desmaio. O medo de morrer e não está preparada para ver o rosto de Jesus deixou pés e mãos gelados, mas a essa hora da madrugada como fazer? Os acontecimentos dessa semana foram intensos e pesados. A notícia da quarentena mais uma vez ampliada dá uma sensação de angústia, impotência e ao mesmo tempo de segurança. Mas e os planos para 2020? Os projetos para ganhar o mundo? Congelados. Sem perspectivas. A pessoa que escreve sobre amor teve a sua missão posta a prova quando falou na própria casa, a troco de nada, que não queria mais servir. Isso porque a irmã pediu um presente de aniversário. Nervos a flor da pele e qualquer passo mal dado "BUM" explode! A pólvora foi espalhada e qualquer simples faísca coloca tudo a perder. Imagine: eu que falo tanto de amor fui julgada na própria missão por não querer servir os de casa. Não querer fazer tarefas domésticas, simples é verdade, mas que todos os dias durante meses, se tornam enfadonhas e sacais. Pode ser mimimi e o cansaço faz isso. A ausência de ter um colo para chorar também. E eu vi minha criança assustada sentada em um canto da parede chorando e não tive como dar colo. Não liguei pra ninguém para não incomodar e chorei até perder o ar. Lembrei do setembro amarelo e resolvi ligar para o 188. Foram 3 minutos de espera e a gravação lembrando "não desligue. Um dos voluntários já vai lhe atender." Atendeu. Um senhor de voz mansa disse: "no que eu posso ajudar?" A frase foi o suficiente para um choro ininterrupto de 5 minutos. Em uma breve pausa para uma tentativa de puxar ar a voz dele se fez calor na alma com a frase: "pode chorar. Eu estou aqui." E esperou mais dois minutos pacientemente. Pontuou a conversa com frases curtas, diretas e simples e ao encerrar a ligação desejou um bom dia e que Deus abençoasse. Voluntários que disponibilizam tempo 24 por dia para ouvir pessoas, acalentá-las, dar colo, devolver a paz que muitas vezes o mundo tira. A @cvvoficial minha gratidão por tanto amor doado, tantos suicídios evitados, e tanta escuta sincera e gentil. Uma ferramenta como essa me faz continuar acreditando que o amor pode tudo, que há beleza em se doar, mas que tudo bem fraquejar. Que para dar amor é preciso estar cheio e que às vezes é necessário ser colocado no colo, pois cuidar de quem cuida também é essencial. Meus aplausos de pé para todos os voluntários que fazem o trabalho da @cvvoficial ser possível. Se você estiver precisando de escuta, colo, conselho, sem julgamentos, ligue! Vai fazer bem para o corpo, a mente e o espírito 💕

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por