31/07/2020

Viva o luto de si mesmo

Ana Carolina Carvalho

 Escutei essa frase uma vez e quase “matei” a pessoa que disse, mas hoje tentando acalmar os pensamentos comecei a entender o que ela queria dizer.

Renascer é difícil, deve ser como um parto cesárea. Se fica feliz em ter o filho nos braços, mas ainda assim sente dor.

Em um mundo onde a maioria exige estar bem o tempo todo, viver o luto é complicado.

Complicado porque quando se está triste, revoltado, sombrio, a primeira coisa que se escuta é: para que tudo isso, agradeça. Você tem tudo, sabe como fazer dar certo. Tudo vai se resolver. Seja forte.

Pourran! Tem horas que não dá para ouvir isso.

Tem horas que se cansa de ser forte, de sorrir, de agradecer. Que a única vontade é jogar tudo para o ar e dizer: resolvam-se problemas familiares, de saúde, afetivos, financeiros, profissionais. Resolvam-se! E de preferência sem mim.

Viver o luto é se permitir chorar, ser fraco, se dar um tempo, e no silêncio deixar as coisas se resolverem sem a pressa e interferência de querer ser melhor em tudo, porque não dá mesmo. Se adoece.

Após o luto diga em frente ao espelho: Parte de mim, sinto muito se você se foi. Ao nascer novamente, após a dor, vou ficar em paz. Porque a vida é assim, uma série de ciclos, fases, estações. Que tira a roupa, desnuda a alma, quase mata, mas depois faz florescer.

Você já viveu o luto de si mesmo?

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por