04/02/2020

Quis tanto que ele me quisesse que deixei de me querer

Ana Carolina Carvalho

A vontade é de ficar assim o dia todo; olhando pela janela as pessoas mais felizes que eu, sendo cúmplices do amor que eu vejo da porta pra fora. Aqui dentro não me reconheço mais. Permiti que alguém de fora me desconstruísse. Fui taxada de louca a que não serve nem pra ser amiga. Logo eu a pessoa mais amável do mundo fiquei sem amor e estou aqui perdida em milhões de pensamentos automáticos depois da minha última discussão com ele, que na verdade foi um monólogo dele e uma atuação minha digna de Oscar. Como eu me deixei anular e concordar com coisas absurdas. Como eu me deixei sucumbir a quem me conheceu brilhando e depois me pós em uma redoma e dia após dia foi tirando meu brilho com afirmações que eu considerei verdade porque queria estar ali. Que tipo de amor é esse que fere e dói, que é indisponível, intransigente, que não abre mão de nada e sempre tem razão. Se eu estivesse plena das faculdades mentais saberia que isso não é amor. Meu brilho foi embora, a vontade de viver. Eu quis tanto que ele me quisesse que eu deixei de me querer. E como eu me queria. Eu era a louca imperfeita mais inteligente e sensual desse mundo. Sexy sem ser vulgar. Aquela que traz luz. É. Saber a hora de parar é importante para ditar o seu valor e o seu respeito a si mesmo. Vou anotar essa frase no meu diário. Ela é boa para um recomeço. Hoje vou ficar olhando pela janela e escrevendo novas páginas do meu ser a começar por eu mereço ser amada, eu mereço ser feliz e eu sou boa o suficiente. Depois disso vou escrever as minhas qualidades porque nesse mundo podemos escolher aproveitar o que de melhor ou pior as pessoas tem. Dele eu escolho aproveitar o melhor. Ele me ensinou que querer alguém mais do que a si mesmo causa efeitos colaterais e são nocivos ao amor próprio e a sanidade mental. Em um mundo de possibilidades eu escolho me fazer feliz 💞

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por