21/10/2016

Velhice

Ana Carolina Carvalho

Depois de muito tempo entendi porque não gostava da velhice. Não gostava porque ela trazia consigo a sombra da morte para este mundo. Não gostava porque ela certamente iria tirar de mim as pessoas que eu mais amava. De fato ela tirou. Não todos. Alguns amores ainda estão aqui. Reparem na mão de um idoso. Vejam como a pele perde água, como enruga, como as unhas ficam diferentes, mais rígidas. Como se perde mobilidade, como os assuntos já não tem mais tanto nexo, como a audição é rara e se rir de tudo porque já não se precisa entender nada, muito menos levar algo a sério. O trabalho foi feito.
Hoje em dia eu admiro a velhice. Aprendi com ela o valor do tempo. Aprendi que cada ruga, mancha, limitação e falta de lucidez é uma marca de vida vivida, sentida, amada. 
A velhice é o acúmulo de tempo e quando a areia da ampulheta acabar será hora de dizer: até breve.

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por