23/09/2019

Tanto faz

Ana Carolina Carvalho

Não é verdade não. Não "tanto faz". Geralmente essa resposta é quando se cansou de lutar, se esforçar, viver, conviver. O que eu venho percebendo nos últimos meses é que as gerações (a minha, a antes e a depois) caíram nessa cilada. Não "tanto faz" se der certo se encontrar ou não. Não "tanto faz" se não conseguirmos nos falar. Não "tanto faz" se uma pessoa não estiver presente nos encontros de família. Que mentira é essa que contamos para nós e para os outros? As pessoas que eu conheço que estão na fase do "tanto faz" eram as que mais lutavam para manter os amigos unidos, a família, os encontros fixos. Elas hoje são aquelas que foram perdendo o brilho porque alguém fazia pouco. Se continuarmos fazendo pouco e deixando a carga para uma pessoa só realmente o "tanto faz" vai virar lei. Você já parou para se perguntar se "tanto faz" para tudo onde se vai parar? O que está acontecendo conosco? Que paramos de lutar por nós e pelos outros. Que abrimos mão do amor na primeira dificuldade? "Ah, eu tenho amor próprio" é a resposta mais comum. Amor próprio não é ser um egoísta dissimulado. Viver numa bolha você, você depois e depois você de novo. Somos seres sociáveis e ninguém consegue viver sozinho. Sempre precisamos nos relacionar, conviver e isso não é tanto faz. É querer fazer parte! Escolher o tanto faz é se posicionar a daqui a pouco ser vítima dele mesmo, bem como o "vamos ver". A vida é um sopro para que adiemos o que em muitos casos é inadiável. Não sabemos quanto tempo temos. Se nossos amigos, familiares estarão aqui amanhã. Se nós estaremos. Busquemos a reciprocidade e tomemos uma decisão. O "tanto faz" é o morno, aquilo que não nos leva a lugar algum.

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por