24/12/2016
Ana Carolina Carvalho

Ele se considerava o Grinch. Não gostava de natal, mas não do significado, afinal ele ia a missa e agradecia pelo nascimento de Jesus. Porém ele detestava a história do bom velhinho e aquelas reuniões do dia 25, com a família toda, que ele considerava hipócritas. Tinha um agravante, ele já tinha 34 anos e era solteiro. Nunca havia levado uma namorada para nenhum natal de família e se sentia triste por estar sozinho.
A festa de natal dele, no dia 24, era triste. Na casa dele o pai se trancava no quarto, os irmãos já eram casados e passavam em casa só pra dar "oi". A mãe ficava com a avó. Não tinha troca de presentes, nem fotos felizes, nem nenhum outro sentimento que mostrasse a alegria dos comerciais da data. 
Esse ano ele fez diferente. Não ligou a televisão, não se trancou e chorou, não se maldisse. Ele pegou o terço, acendeu uma vela e foi rezar. O natal dele foi em comunhão com Deus e isso era suficiente. Um dia, ele tem fé, ele muda essa história. 
Na verdade, já mudou.




*texto originalmente publicado no instagram @podiasercorderosa

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por