16/07/2016

Minha crônica saiu no jornal - tô me achando ...

Ana Carolina Carvalho


Escrevi essa crônica com todo amor. gratidão e sinceridade do meu coração - ela teve um impacto imenso - .
Só vi que havia sido publicada na quinta-feira (14), depois de quase um mês. Ela foi publicada um dia depois que eu enviei, mas acredito nas Deuscidências e que eu a vi no dia que realmente precisava vê-la.
Divulguei para a minha psicóloga e para os amigos mais próximos e assim a rede se articulou. 
Me sinto honrada e agradecida por tantos elogios de pessoas que eu nem conheço.
Tocar positivamente o coração das pessoas e fazer deste mundo um lugar melhor é um objetivo grandioso e para alguns até impossível. Mas os maiores desafios são realizados com o primeiro passo. Eu já dei o meu e também devo isso a vocês.
Obrigada

PS: Quando eu era pequena queria ser muitas coisas: da bailarina do Bolshoi a médica do exército. Sempre fui das artes - do drama à comédia - , dos excessos também. Na terapia descobri o novo, me redescobri, fui crescendo e vendo que crescer é bacana e também necessário. Amadureci no meu tempo, do meu jeito. Realizei por meio da terapia muitos sonhos, inclusive o de ter uma crônica publicada no jornal. Jornal esse que era meu sonho de consumo do início da vida acadêmica - sonhava em ser jornalista literária - Os sonhos são feitos para serem realizados e que não existe sonho pequeno, existe olhar.

Segue o texto:


Minha psicóloga me deu alta, e agora?

Terapia é vida. Não cansava de repetir essa frase, mas na minha última sessão aprendi que a terapia só é vida quando há sintonia entre o psicólogo e o paciente. Então a introdução do meu texto recebeu essa modificação como forma de esclarecimento e uma nova visão, coisas que sempre aprendemos quando estamos em terapia.
Para mim é tratamento. No começo aquele remédio que arde como o merthiolate vermelho da década de 80. É usado para sarar as feridas, sabemos, mas a dor é tão grande que corremos para fugir, assopramos para tentar diminuir o ardor e muitas vezes passamos algodão com água para parar o efeito. Igualzinho a terapia. Chegamos , creio eu, sem foco. Eu pelo menos cheguei igual uma bomba relógio, ou melhor, com o que sobrou dela, porque não faltavam a mim explosões. Quando as coisas estão começando a assentar queremos correr, porque sabemos que lá vem o remédio, falamos mais ou menos e sempre a culpa é do outro e quando o terapeuta diz: " vamos ver por outro lado", pegamos o algodão e apertamos a água antes mesmo dele colocar o remédio, mas o remédio é aplicado assim mesmo e dói. Choramos tanto que chega a faltar o ar. Cada sessão é um erro diferente, do outro. E se descobre que jogar a poeira de baixo do tapete não ajuda. Esse é o ápice. O momento da faxina. Tiramos todos os móveis, desnudamos a casa da nossa alma e aprendermos a ser quem somos. Uau! que profundo . Sim! É mesmo. Resgatar comportamentos e traços da personalidade que o "sistema" corrompeu no : pense rápido, xiii, você não é de nada, que sonho bobo, você só tem tamanho ... é dizer pro mundo: eie, peraí. Eu sou grande, viu. Tenho assas, não é assim não.
E se descobre que existe uma coisa linda chamada: equilíbrio e que ele não é 50%. Pasmem!!! Pode ser 60/30, 20,80 . E isso também aprendi co minha terapeuta. Quando eu descobri isso nem mandei mais e-mail, sinal de fumaça, sms, zap, ligações. Nada. E sabe foi bom demais ter essa sensação de equilíbrio. É tão linda a palavra que eu não consigo parar de repetir. Dá até vontade de conjugar. Eu equilibro, tu equilibras, ele equilibra ... Todos nós equilibramos, somos, sim , capazes de equilibrar. Lógico que uma vez perdida "ooops... explodi." mas uma explosão tipo estalinhos de São João, sem muitos danos...e mesmo se forem muitos, lembra comigo: minhas escolhas, minhas consequências, minha vida.
Por conta do tal do equilíbrio veio uma pergunta assim: " o que você acha se nós nos encontrarmos de 15 em 15 dias. Você está caminhando para uma alta." Eu pensei: O que? Agora que tá ficando legal. Que eu só choro se for de rir, que falamos da minha semana e eu me sinto uma artista divulgando meus dias, agora que eu tô benzona quer me mandar embora? Todos querem me deixar ( draminha de lei..)"
Chantagem com psicólogo não cola, né, mas confesso que eu tentei e ainda emendei uma consulta e na outra semana tive outra, mas não teve jeito. Como quem me tirou do fundo do poço pela mão. Sim, ela não usou cordas, desceu o poço tipo o homem aranha, grudada nas paredes, e foi lá me cutucando, até eu erguer os olhos, até dar a mão e subir junto. E agora, já fora do poço, mas ainda de mãos dadas, ela quer me ver partir. Me colocou numa bicicleta, sem rodinhas de apoio, e, por enquanto eu pedalo enquanto ela segura na garupa. Daqui a pouco ela solta. Não tenho dúvidas que vai me mandar abrir os braços e sentir o vento no rosto enquanto pedalo. Quando ela soltar, irei sem medo e com a certeza de que se roubarem minha bicicleta eu poderei andar a pé, se me baterem e meus muros não derem conta e eu estiver escorregando para cair no poço, se eu pedir ajuda ela segurará minha mão e começaremos outra vez.
Para vocês que fazem terapia e também estão perto da alta, um brinde! Para vocês que fazem terapia e estão passando por algum desses processos, um brinde! E pra você que leu e já quer ter um psicólogo, um brinde! Aprendemos a ser melhores na terapia porque descobrimos a ser nós mesmos. Um brinde a vida.

Ana Carolina Carvalho
Jornalista
carvalho.carolinaana@gmail.com

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por