21/02/2017
Ana Carolina Carvalho

Estava chovendo e foi com esse ingrediente a mais que nos beijamos pela primeira vez. A fila dava voltas e ela nem se importou com cabelo, maquiagem, transparência na roupa porque a unica coisa que importava naquele momento era o nós, a nossa troca de carinho, os nossos corpos colados e a chuva abençoando tudo. 

Beijar na chuva sempre foi um diferencial para meus relacionamentos, mas naquele dia, e com ela, o beijo na chuva ganhou o prêmio máximo, que, mesmo se tivéssemos nos separado, seria eternamente dela.


Esse beijo foi depois de um mês de amizade, acho que era o vigésimo encontro. Nos conhecemos muito antes disso acontecer. Discordamos de muitas coisas, rimos, ficamos meio estranhos e nesse dia nós saímos sem os amigos.


Um programa a cara dela: enfrentar uma fila imensa, com o tempo formado para uma chuva daquelas, para ela conseguir o autógrafo do autor dos romances que ela leu até decorar cada frase grifada como importante ( acredito que todas as frases dos livros foram grifadas). Ela linda com uma saia alta, pouco acima dos joelhos e uma blusa se alça rendada que insistia em deslizar e mostrar um dos ombros me constrangendo pois não conseguia parar de olhar para o colo nú. Tentava consertar subindo a alça, desviando o olhar e comentando da fila que não saia do lugar.

Ela só olhava ria com aqueles olhos encantados e com as mãos seguras abraçando os livros contra o peito.

Ela estava ao meu lado. Quando começou a chover as pessoas imediatamente se protegeram com seus guarda-chuvas enquanto ela olhou para o céu e sorriu. Colocou os livros na bolsa e chegou mais perto de mim. Ela olhou para a bolsa, como se quisesse ter certeza que os livros não iriam molhar, em seguida subiu o olhar e me fuzilou, fiquei entregue totalmente rendido.

Ela deu um sorriso meio tímido e eu não consegui mais resistir. Abracei-a, passei a mão no pescoço dela levando os cabelos para trás e a beijei. Ah como foi bom aquele beijo. Foi algo supremo, sublime, cheio de carinho, afeto, respeito, atração e amor.

Nunca esqueci dessa cena e sempre que chove, se estamos juntos corremos para nos beijar na chuva, se estamos separados lembramos desse dia. No nosso casamento estamos torcendo para que chova, para  que recordemos e validemos mais uma vez o nosso amor com as bençãos do céu.

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por