05/08/2016

Para: o meu amor próprio

Ana Carolina Carvalho

Ficar só de novo dói. É um compromisso inadiável comigo mesma e dessa vez eu não tenho para onde fugir.
Começou desde muito antes de eu saber o que era e agora que eu sei percebo que realmente em nenhum momento, mesmo estando só, eu não estava sozinha, entende?!
Pode parecer absurdo, eu sei, mas é mais comum do que se pensa. Escrevo enquanto o mundo se movimenta entre famílias, casais e filhos, que me olham como se eu fosse uma estranha e realmente eu sou, inclusive para mim mesma.
A pergunta que não quer calar é: porque eu nunca fiquei só mesmo estando só ? A resposta é: "se amar dá trabalho".

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É mais fácil jogar para o outro o cuidado que cada um deve ter consigo mesmo. É mais fácil explicar que a vida é uma me#$@ se a ausência do outro for a justificativa.

Quando nos damos, literalmente, para o outro, tiramos de nós o peso que é ser responsável pelo nosso bem estar. Sim, ser feliz custa caro. Sair do comodismo também e se amar, misericóóóóóóóóórdia, aí é que custa mesmo.

Começar a fazer as coisas aproveitando sua própria companhia como caminhada, cinema, barzinho, compras pra casa e até viagens é um bocadinho difícil, mas é possível.
Creio que começar a se amar é não aceitar migalhas de ninguém para tapar os buracos da falta de amor.

Quando não há amor próprio qualquer um serve, mas por pouco tempo. Depois até quem apareceu, mesmo que seja um qualquer foge com medo de não dar conta de tanto, mais tanto amor perdido, achado, exigido, tomado.

Olhar para si nunca foi tão necessário. Em épocas de amores casuais, usuais - de uso (a palavra é essa mesmo) mutuo, ou não - dizer quem se é e o que se quer é saber que não é qualquer um que entra. Que existe lá o castelo, o soldado, o dragão (créditos do cenário para minha terapeuta) e a torre alta. E é alta mesmo.

Você poderia até descer a torre, mas é aquele negócio, quem se ama é precioso, então quem quiser ter essa honra vai ter que fazer por merecer...

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"Se amar" dá trabalho, mas me torna livre para receber o melhor amor do mundo, o meu. E me torna consciente de que até os meus defeitos me dão a capacidade de ser alguém melhor.

A carência pode até existir, mas a partir de agora ela é resolvida dentro de casa mesmo. No meu próprio eu.

Já somos um casal pra sempre, hein. Sem carências.
Com amor,
Amor

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2 comentários:

  1. Amei o texto!!! O nosso reflexo pode ser nosso melhor remédio.

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    1. Pode sim e deve. Muitas vezes somos a nossa própria cura e, em alguns casos, infelizmente, nosso veneno. Só precisamos escolher a melhor parte!

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por