03/08/2016

Ele não era meu amigo gay

Ana Carolina Carvalho

Nenhum problema em ter amigos gay's até porque tenho vários que me fazem rir, me dão colo, me acalentam, me amam, mas NUNCA me fazem sofrer. Infelizmente ou felizmente ele não era, não foi e nunca será meu amigo gay.
Sinto falta dele como a bailarina da música, mas posso garantir que a tragédia fora anunciada, antes mesmo da história surgir, com a frase: - Não sou seu amigo gay.
Durante o tempo que ficamos juntos acredito que para ele sempre foi fácil parar no meio do caminho e dizer: "- se você quiser zeramos a história e começo novamente como seu amigo." Eu nunca quis, porque sabia no fundo, e acredito que ele também, que ele não seria meu amigo, de nenhuma forma possível.

                                                               Nunca esteve nos planos dele se envolver, a não ser que pintasse algo bem especial... e pelo visto não fui eu esse algo.

Ele resetou o jogo e ganhou nova vida; sozinho, mas para quem aprecia solidão ele deve estar feliz, em paz, em busca de auto conhecimento, assim espero.

Percebi que ele não mentiu. Ele sempre foi sincero com ele mesmo, com o que sentia no momento, mas eu, de alguma forma, menti, omiti talvez. Falei a verdade que queria um amor pra vida toda, mas quando vi que esse amor poderia ser ele, mesmo fora da lista, eu tentei viver um dia de cada vez. Esqueci de continuar tentando e comecei a fazer planos.

Porque mesmo que eu queira fugir a minha essência é essa: compromisso, amores profundos, para toda a vida.

Acredito que ele também estava nessa, até ... eu acho que ...
                                                                                       mexeu com ele, mas de uma forma meio bagunçada - onde foi bom e (ruim) depois ele se viu (imagino eu) com aliança no dedo, cachorro e uma vida que ele não sabe se quer, não pelo menos agora.

Se valeu a pena? Sim. Sempre vale. Cada experiência é única e faz você conhecer o outro e se conhecer, mas términos doem...

Ele me chamou de carente logo nos primeiros encontros e essa palavra soou como um palavrão ( na verdade refletia meia verdade. Era carência, mas carência do meu próprio amor). Odiei todas as vezes que alguém me chamou assim. Parecia fraqueza, meninice.

Eu queria que ele me cuidasse e fosse meu namorado sem ser, como pode?!

Depois de tantos conflitos lembrei de um diálogo nosso onde eu dizia: "- Odeio despedidas e ele respondia: - Então aprenda a se despedir."

Onde estava eu que não enxerguei nada dessas pistas? Que não enxerguei que não adiantava entregar a alma, porque ele não estava pronto?
       
                                                            Estraguei tudo! 

Porém, indo mais adiante, eu vejo que não. Ninguém estragou nada.

Ele ansiava por mim como eu por ele e sim! No início fomos entregues um ao outro com a mesma vontade e desejo. Não.

                                                         Eu não estraguei nada. 

Eu permiti tudo.
Permiti que tudo desse certo o tempo que deu. Que ríssemos de nossas próprias fraquezas, que fôssemos o que quiséssemos dentro do universo dos dois.

Ele cuidou muito de mim, eu pedi isso ( e lá aparece a carência de mim mesma); depois eu cuidei dele, quando ele deixou. E acabou. Meu coração quer acreditar que pra ele também está sendo difícil. ..

Se hoje eu tivesse que responder a pergunta: "- E o que você quer de mim ?" Eu diria: " - Quero que você fique um dia de cada vez e que se resolver ir seja porque não quer e não por medo de querer."

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por