21/03/2021

É difícil não poder abraçar quem se ama nos piores momentos

Ana Carolina Carvalho

 Tem uma amiga minha que diz em alguns momentos "não sei o que dizer nem sentir". Estou assim hoje. As palavras me faltam e as lágrimas rolam pelo rosto. Dão uma pausa e voltam a rolar. No Ceará são mais de 12 mil mortos por essa doença que eu não consigo nomear, talvez cruel seja um adjetivo brando perto de toda a dor causada.


Não estou na linha de frente nem de coberturas jornalistas tampouco dentro dos hospitais, mas acompanho de perto o dia a dia dos que, assim como eu, só podem tomar as precauções necessárias e rezar.


A Covid tirou de amigos próximos pais, mães, tios, maridos, esposas. Destruiu famílias inteiras e deixou meu coração em frangalhos. Não poder consolar quem se ama em um momento de dor é dilacerante. Não poder estar ali ao lado, mesmo em silêncio para dar um abraço é cruel.


Não pude consolar nenhum amigo e amiga de perto. Só pude ouvir a voz dizendo: "fica em casa. Se cuida e cuida dos seus". "Quem sente a dor é quem geme" meu pai diz muito essa frase, mas no gemido do outro eu também sinto e sinto muito.


Sinto por em um ano de pandemia não termos aprendido muita coisa.


Sinto muito por todas as festas clandestinas que foram promovidas em nome do tédio.


Sinto muito por terem subestimado a Covid-19 como uma gripezinha.


Uma roleta russa cruel que não escolhe vítimas. Pode ser qualquer um.


A verdade é que só nos resta rezar, tomar os devidos cuidados, procurar informações sérias e acolher a dor. Porque todos nós perdemos. Todos nós sofremos.


O mundo está de luto só que muitos ainda não perceberam que a dor que dói no outro em parte é responsabilidade de todos nós.


Se puder, fica em casa. 🙏🏽

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por