12/06/2015

O carinha do elevador

Ana Carolina Carvalho

Cheia de sacolas. Quem visse certamente teria a certeza que eu ia vender "muamba" em algum andar do prédio, mas não, não ia. Acordei atrasada, esqueci a carteira e até de arrumar os cabelos. 
Estava olhando o celular, enviando umas mensagens, quando ele chegou. 
Quando eu olhei para o lado direito, ele estava vindo em minha direção (iludida, ele também ia utilizar o elevador), com aqueles fones de ouvido ao redor do pescoço e carregando uma pasta, nem esportiva nem clássica, em mãos. Creio que ele estava indo para o trabalho e diga-se de passagem, lindo; cuidadosamente arrumado, mas nem tão engomadinho, parecia que ele caminhava em slow motion (usei esse termo para ser chique (rs), ele significa câmera lenta, tipo "devagar e sempre"), então ele parou. Eu fiquei de costas pra ele. Tamtom ( esse é o som que se assemelha ao barulho do elevador quando chega no térreo, ou era pra ser ...), o elevador chegou do lado que ele estava esperando. Ele entrou. Eu entrei em seguida, olhei de relance para ele e certamente minhas bochechas coraram. Minha vontade era de "puxar" assunto, mas fiquei com vergonha e não sabia o que fazer, então fiquei olhando o celular, a tv do elevador, o 12º andar em vermelho, o 14º andar também em vermelho, mas nunquinha ele, não de novo, não sem ter aquela vontade de dizer:" oi, como é seu nome", quando tinha que partir dele, né? Ô pensamento machista esse o meu
12º andar. Minha hora de sair. Criei coragem, olhei pra ele e disse: "Tchau. Bom dia". Ele respondeu: "Bom dia pra ti também." . O suficiente pra passar o dia inteirinho suspirando...

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© Podia ser cor de rosa • Ilustração por Juliana Rabelo Desenvolvimento com por